Apresentação

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

As Comunidades Virtuais são Manifestações Sociais Espontâneas?

Claudio Fagundes

O conceito de "comunidade virtual" tem sido muito utilizado para explicar formações espontâneas de pessoas que se reúnem na Grande Rede em torno de determinado assunto ou tema de interesse comum.

Esse é o conceito daqueles que examinaram a formação da comunidade como um fenômeno cibersocial. Como o próprio Howard Rheingold, em seu livro "A Comunidade Virtual" (traduzido para o português pela Editora Ciência Aberta - Gradiva, Lisboa) irá discorrer longamente, numa perspectiva macro desse conceito.

Os grandes "conceituadores" tendem a conduzir a formulação dos seus conceitos para uma forma generalizante. Talvez para enfatizá-los como argumento fundamental de suas próprias teses e verdades observadas segundo seus próprios pontos de vista teóricos.
Pierre Lévy irá, também, generalizar os conceitos de conectividade e inteligência coletiva, colocando-os a níveis quase que "interplanetários". Da mesma forma outros pensadores irão buscar generalizar esse conceito e insistir na tese que as comunidades virtuais são manifestações espontâneas.
Não vou dizer que eles estão errados... mas essas manifestações não são tão espontâneas assim!

Na verdade, mesmo essas comunidades ditas espontâneas sempre se formaram - cada vez mais claramente continuam se formando - a partir da iniciativa de um agente articulador. Alguém que consegue reunir em torno de si - e converter em adeptos - um pequeno grupo de agentes. Esse núcleo de agentes agirá no sentido de multiplicar as idéias e atrair mais e mais participantes e adeptos. Cria-se, assim a idéia de tribo, que tanto Lévy como Rheingold irão reconhecer como células sociais importantes da Sociedade Planetária Interconectada. Mas essas tribos vão muito além dos modismos. Elas entram numa esfera educacional, cultural, organizacional...

Não vou escrever de pronto uma tese aqui para demonstrar que:
Não, as comunidades virtuais não são espontâneas porque não surgem do nada. Há sempre uma ação consciente, uma infra-estrutura e uma ação planejada que dá o impulso inicial e um esforço - muitas vezes individual, mas melhor em grupo - de desenvolvimento permanente para fazê-la crescer na direção desejada. E, mais, quando isso não acontece a comunidade virtual rapidamente se dilui.

Posso afirmar empiricamente que isso é verdade, pois foram inúmeras as comunidades virtuais que desenvolvi e muitas outras que observei.

Os teóricos não estão exatamente errados... apenas incompletos. Pois ao generalizar demais, ver a coisa num sentido tão macro, eles se afastam da essência e retiram a importância da iniciativa, que é o ponto irradiador da idéia e da formulação de uma proposta que se expande.

Sim, desenvolver uma comunidade virtual, é essencialmente uma questão ideológica, de acreditar nela e de ser suficientemente convincente para reunir pessoas que irão formar um núcleo central da comunidade.

E será esse núcleo que irá produzir sinergia e expandir a rede de inteligência coletiva. E isso propiciará o surgimento criativo de novas idéias. Essas irão alavancar processos e ações importantes para o núcleo central, para a organização que a promove e satisfação pessoal para os que dela participam.

É tudo questão de acreditar, implantar, disseminar e desenvolver.

Disponivel em:
http://claudioalex.multiply.com/journal/item/123/123 acessado em 05 de dezembro de 2012

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